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Comissão de Comunidades Quilombolas promove reunião de planejamento

“Há 17 anos foi constituída a Comissão de Comunidades Quilombolas do Médio Sertão da Paraíba”, lembrou Irenaldo Pereira de Araújo, coordenador do PROPAC. “Eu fiz parte da primeira formação”, complementou a professora Paula, do Quilombo do Livramento, em São José de Princesa. Daquele momento, também estava presente Geraldinho, do quilombo Serra Feia, e Esmeralda, do quilombo Aracati e Chã, ambos do município de Cacimbas.

Foi com este resgate histórico que se deu início a primeira reunião da Comissão de Comunidades Quilombolas do Médio Sertão da Paraíba, neste dia 27 de janeiro de 2023, no Salão Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Imaculada. No momento, foram lembrados nomes de pessoas que não mais se encontram entre nós, mas que, com certeza, continuam sendo um referencial na luta de resistência quilombola, a exemplo de Genésio, do Quilombo da Pitombeira, em Várzea; e Maria do Céu, do Quilombo do Talhado, em Santa Luzia.

Na apresentação do público participante, foram registradas presenças de todos os territórios quilombolas do Médio Sertão da Paraíba: de Várzea, quilombo da Pitombeira; de Santa Luzia, quilombos do Talhado Rural e Urbano e do Monte São Sebastião; de Livramento, quilombo Areias de Verão e Sussuarana; de Cacimbas, quilombo de Serra Feia e de Aracati/Chã; de Tavares, quilombo Domingos Ferreira; de São José de Princesa, quilombo do Livramento; e de Manaíra, quilombo Fonseca. Também se fizeram presentes representantes da Comissão Estadual de Comunidades Negras e Quilombolas da Paraíba (CECNEQ): Regina, Josiel e Amaro. Da equipe do PROPAC, foi registrada a presença do coordenador Irenaldo Pereira de Araújo, de Ancelmo Dantas e José Arimateia Vicente Gouveia. Fez-se presente no evento o Monsenhor João Saturnino de Oliveira, presidente da Ação Social Diocesana de Patos.

O destaque no encontro foi a participação de mulheres e da juventude quilombola, marcante assim esperança para o crescimento do trabalho no Médio Sertão, foi registro feito pelo jovem quilombola Josiel, do município de São João do Tigre, no Cariri paraibano e membro da CECNEQ. Geraldinho, do quilombo da Serra Feia, e representante do Médio Sertão na Comissão Estadual das Comunidades Negras e Quilombolas motiva o público participante a apresentar demandas apontadas por cada quilombo. Todos as pessoas participantes puderam externar as suas demandas, no desejo de que venham ser abraçadas enquanto política pública.

A necessidade de um olhar especial às populações remanescentes de quilombos é um desafio que se instala. Inclusive, com mudanças na legislação, considerando que são muitas as pessoas que não residentes nos quilombos, mas que estão vinculadas a eles, enquanto ancestralidade. Este vem a ser um drama vivenciado atualmente por muitas pessoas que se autodefinem enquanto quilombolas, mas residem nas cidades, cuja configuração territorial é diferenciada do contexto rural. “As associações quilombolas estão configuradas não em conformidade com o mundo urbano, mas com o mundo rural”, foi o que afirmou José Arimateia Vicente Gouveia, da equipe do PROPAC.

Ao final do evento, foram entregues bandeiras “Quilombos da Paraíba”, pela Comissão Estadual da Comunidades Negras e Quilombolas. Foi convidada, inicialmente, a equipe da Ação Social Diocesana de Patos para receber uma bandeira, enquanto gratidão pela colaboração que vem dando aos territórios quilombolas do Médio Sertão, há 17 anos. Em seguida, foram convidadas, para receber suas bandeiras, representações do quilombo do Livramento, em São José de Princesa; do quilombo Domingos Ferreira, em Tavares; do quilombo Fonseca, em Manaíra; do quilombo Pitombeira, em Várzea.

O evento foi concluído com a entrega de duas cartilhas: “Diagnóstico das cadeias produtivas da Agricultura Familiar Quilombola: estrutura e diversidade da produção”; e “Fortalecimento da agricultura familiar quilombola: mapeamento e ações estratégicas na Paraíba”. Foi ainda feito um sorteio de livros sobre mulheres quilombolas na Paraíba.

O evento foi encerrado com um sentimento de esperançar, perante tantos desafios vivenciados pelas turbulências da pandemia, da crise econômica e do desgoverno, encerrado no dia 31 de dezembro de 2022.

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